capa e desenho de Maria Alcobre
paginação e arte-final de Inês Mateus
Mariposa Azual, 1998
[500ex, esgotado]
primeiro
é de origem entronca e de pais separos
e teve mais de noventa mil pessoas delírias
no estádio das antas para o lançamento
do seu último livro de poesia.
seguiu em turné por paranhos bessa
e depois são luis pelo sul
tendo uma andança de três ponto um milhões
só em vendas estádias.
Somando a viagem recitária
as exportações para o resto do mundo
e o residual fotocópio
totobola para cima de quinze ponto sete milhões
de livros.
só em receitas publicitárias com telecele pêtê cêpê
renô náique sequipe e ebêéle
fala-se de valores na casa dos campálimôs.
portugal é um país de poetas ricos.
a poesia dá dinheiro a portugal.
*
atlético
não houve ruído vindo do terceiro anel
mas entrou ginástico
abençoando o chão de uvas no inverno
agora cor de canela sintética no verão.
no banco o guiné retirado abraçava o agasalho
do bléque-saramago que no campo
já tinha um canto a seu favor.
o guiné retirado
tinha uma bomba propulsora de gás líquido
nos angúlos dos braços
tinha ossos de assoar o homem
tinha um possível fernando pulitzer no bolso
totalmente caramelizado.
tinha um amigo em campo
em lobo-futre com um canto a seu favor
e com um desgosto de morte
no romance corroído.
como se perdem os artures os bons melos
das nossas eis-colónias
como se perdem.
*
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o site da Mariposa Azual
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